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AS RÃS E O PINTASSILGO
THEODORE ROSZAK
Num
lugar não muito distante daqui, havia um poço
fundo e escuro, onde se estabelecera uma sociedade de rãs.
Tão fundo era o poço, que nenhuma delas jamais
visitara o mundo de fora, e até acreditavam que não
havia mundo fora.
O poço era o seu Universo. Havia
sobejas evidências científicas para comprovar
esta idéia; só um louco afirmaria o contrário.Certo
dia, porém, voando por ali um pintassilgo, viu o poço,
e resolveu investigar suas profundezas. Qual não foi
sua surpresa ao descobrir as rãs! Mais perplexas ficaram
estas, pois a criatura de penas colocava em questão
todas as verdades já sedimentadas em sua sociedade.
O pintassilgo, com pena das criaturas,
pôs-se a cantar. Cantou sobre a brisa suave, os campos
verdes, matas, cachoeiras, animais, vida. A princípio
gostaram, mas logo as opiniões se dividiram: algumas
acreditaram, e começaram a sonhar com o outro mundo
- ficaram mais alegres e bonitas - outras, fecharam a cara
- heresia, absurdo, afirmações não confirmadas
não deveriam ser dignas de crédito! Passaram
a fazer as críticas de seu discurso: a serviço
de quem estaria? Seu cântico seria narcótico?
Ele era louco, ou enganador? A única dúvida
que não existia é que aquele canto criara muitos
problemas. Então, na próxima visita do pintassilgo,
prenderam-no, e condenaram-no à morte!
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